A medida vale das 18h (14h de Brasília) até as 7h (3h de Brasília), segundo anúncio de duas linhas exibido em um dos canais públicos de TV.
Esta foi a medida mais drástica até o momento para conter as manifestações. Mesmo antes do anúncio, o Exército já enviara veículos blindados para as ruas do Cairo --centro dos protestos. As imagens são de violência e caos, com a fumaça de prédios e carros em chamas se misturando ao gás lacrimogêneo lançado pela polícia. Há relatos até o momento de quatro mortos, um deles carregado pelos manifestantes pelas ruas de Suez.
Os veículos blindados estão nas principais avenidas de Cairo. Apesar da repressão dura das forças de segurança, contudo, as dezenas de milhares de manifestantes não recuam e fontes de segurança dizem que os protestos já se espalharam por ao menos 11 das 28 províncias egípcias --os maiores protestos do país.
As manifestações começaram pouco depois do meio-dia, no final das orações muçulmanas da sexta-feira, e se estenderam rapidamente por diferentes setores da capital egípcia e outras cidades do interior do país. Manifestantes estão nas ruas, gritando palavras de ordem como "saia, saia, Mubarak". Eles lançam pedras e sapatos contra as forças de segurança, que não pouparam jatos de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes.
Lefteris Pitarakis/AP | |||||||||||
Manifestante egípcio ergue bandeira em meio à água lançada pela polícia para dispersar manifestantes |
As cenas mais caóticas foram registradas em Suez. A agência de notícias Reuters diz que a polícia abandonou áreas centrais da cidade, depois que os manifestantes superaram os cordões de segurança, roubaram armas de uma delegacia e queimaram o edifício, além de 20 veículos de patrulha estacionados perto do local.
A polícia tentou dispersar os manifestantes, que lançaram pedras e gritavam pela queda de Mubarak. Eles quebraram janelas e tentaram virar um dos caminhões da polícia. Os agentes finalmente desistiram e recuaram, abandonando ao menos oito caminhões da polícia.
Há relato ainda de ao menos mais um morto em Suez. Segundo testemunhas citadas pela agência Reuters, os egípcios carregavam o corpo de um manifestante, identificado como o motorista Hamada Labib, 30. Segundo seu irmão, ele foi morto por um disparo das forças de segurança.
Mohammed Abed/AFP | ||
Fiéis oram, cercados por policiais, pouco antes do início dos protestos por várias cidades do país |
Labib seria a quarta vítima dos protestos somente nesta sexta-feira. Mais cedo, a agência Efe disse que três civis que participavam de um protesto perto do Museu do Egito, próximo à praça Tahrir, no Cairo, epicentro das manifestações políticas dos últimos dias, morreram. As vítimas teriam recebido tiros de balas de borracha a curta distância.
Também no Cairo, mais de 300 pessoas foram presas e 120 ficaram feridas, segundo disseram fontes dos serviços de segurança citadas pela agência de notícias Efe.
As fontes relataram que os protestos chegaram até a bairros residenciais do Cairo, incluindo o de Roxy, próximo ao condomínio residencial onde vive o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no poder desde 1981.
Também houve protestos no bairro de Maadi, na periferia da capital, habitado por muitos estrangeiros que trabalham em embaixadas ou empresas internacionais.
No distrito de Mohandiseen, ao menos 10 mil pessoas marchavam para o centro da cidade gritando "saia, saia, Mubarak" --uma multidão que chegou a 20 mil depois de passar áreas residenciais.
Muhammed Abu Zaid/AP | ||
Manifestantes antigoverno seguram cartaz com a foto de Hosni Mubarak e a frase "traidor do seu povo" |
Os moradores cumprimentavam os manifestantes das janelas dos apartamentos. Alguns agitavam bandeiras do Egito. Eles foram interrompidos pela polícia, que lançou dezenas de latas de gás lacrimogêneo, antes que chegassem a uma ponte no Nilo.
Na praça Ramsis, no centro da cidade, milhares enfrentaram a polícia ao deixar a mesquita Al Nur depois das orações do meio-dia. A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha que chegaram a atingir o interior da mesquita, onde mulheres estavam se refugiando.
Já a praça Tahrir, epicentro dos protestos políticos do Cairo dos últimos dias, está tomada totalmente pela polícia egípcia, embora nas ruas adjacentes manifestantes estejam concentrados.
Imagens da televisão local mostram manifestantes lançando pedras nos policiais, em uma estrada que leva à praça.
Fonte: folha.com.br
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